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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Programação

SEGUNDA


10:00 ÀS 12:45 - FÉDON I (BLOCO D, SALA 308) / RESUMOS AQUI



Prof. Admar da Costa: Exercício para a vida e para a morte no Fédon de Platão

Vitor de Simoni Milione: Desejo de morte e proibição de suicídio no Fédon

César de Alencar: Platão e Sócrates: um diálogo para a morte


14:00 ÀS 16:45 - FÉDON II (BLOCO D, SALA 308) / RESUMOS AQUI

Prof.ª Gisele Amaral (UFRN): Meletê thanatou e suicídio em Platão

Luiz Felipe da Silva Carvalho: O papel da memória na imortalidade da alma

André Decotelli: A kathársis da alma como método de salvação no Fédon

Thiago Sebastião Reis Contarato: Duas posturas diante da morte

TERÇA


10:00 ÀS 12:45 - CUIDADO DE SI E EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS (BLOCO C, SALA 212) / RESUMOS AQUI

Prof. Marcus Reis Pinheiro: A atenção a si mesmo e o seu lugar no cosmos: a lembrança da morte

Prof. Bernardo Brandão: O memento mor no monasticismo cristão

Prof. Rodrigo Ventura: Áskesis, Eros e Tânatos na experiência psicanalítica


14:00 ÀS 16:45 - MONTAIGNE E EPICURO (BLOCO C, SALA 212) / RESUMOS AQUI

Prof. Celso Azar: Morte e prazer: a recepção da filosofia helenística nos Ensaios de Montaigne

Alan Buchard: Montaigne e o exercício da vida

Mauro dos Reis Araújo: A natureza da morte e o prazer


QUARTA


10:00 ÀS 12:45 - ESTOICISMO (BLOCO D, SALA 308) / RESUMOS AQUI

Prof. Eduardo Boechat: Os Estoicos e a vida após a morte

Fernanda Oliveira: O exercício do desejo e a preparação para a morte

Henrique Almeida: A física como exercício para a morte em Epicteto e Marco Aurélio.


14:00 ÀS 16:45 - LITERATURA E CUIDADO DE SI (BLOCO D, SALA 308) / RESUMOS AQUI

Prof. Jimmy Sudário Cabral: Romantismo e representação da morte em Liev Tolstói

Nelson Marques: Exílio e morte em As Troianas de Eurípedes

Nelson Menezes Neto: A morte de Sócrates e a "mais verdadeira tragédia"

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Resumos - Mesa Fédon I

SEGUNDA, 01 DE SETEMBRO |10:00 ÀS 12:45 | BLOCO D SALA 308

Prof. Admar da Costa (UFRRJ / UFRJ)
Exercício para a vida e para a morte no Fédon de Platão
Ocupar-se com o exercício para a morte, ensina Sócrates, no Fédon, é direcionar a nossa conduta cotidiana para a purificação da alma. Entrelaçada ao corpo, a alma não deve abdicar de sua função primordial, que é o pensamento, em nome do desejo de prazeres corpóreos, pois isso implicaria na sua anulação e, consequentemente, em um apreço demasiado ao corpo ou à vida. Neste ponto, porém, parece ocorrer uma virada, pois aquele que teme à morte porque preza a vida em demasia, parece não viver a vida em sua máxima intensidade. Ao contrário, quem vive bem não teme morrer e, nesta rede, corpo e alma se completam e se harmonizam, como no exemplo do próprio Sócrates que, prestes a morrer, nem teme à morte nem se arrepende do que viveu.
Vitor de Simoni Milione (UFF)
Desejo de morte e proibição de suicídio no Fédon
“Por que disseste, Sócrates, que não é permitido a ninguém empregar violência contra si próprio, se, ao mesmo tempo, afirmas que o filósofo deseja seguir aquele que morre?”. Como se vê, há, no final do prólogo do Fédon (61b-63b), uma tensão entre desejo de morte e proibição do suicídio entendida por Cebes como um contrassenso manifesto. Contudo, o que se mostra um disparate é na realidade o recurso platônico para indicar, desde o início, grandes temas que serão trabalhados ao longo diálogo. Delinear-se-á, p.ex., numa curiosa trama de mythos e lógos, o evento da morte como o acme da realização filosófica e o estar morto, a um tempo, como método onto-epistemológico e postura ética, portanto, como um modo de vida. O pano de fundo: uma visão religiosa particular que afirma o divino ser o que cuida dos homens e uma referência - ela própria um pouco obscura - à situação ambígua, seja da alma no corpo, seja do homem no cosmo. Assim, acredita-se que uma análise dessa curta porém fértil passagem do Fédon é fundamental para a concepção de filosofia enquanto meléte thanátou.

César de Alencar (UFRJ / UFF)
Platão e Sócrates: um diálogo para a morte
Sabemos que Sócrates nada escreveu, e o que dele possuímos diz respeito aos escritos dos assim chamados 'socráticos', que nos deixaram imagens de algum modo diversas e convergentes acerca do exercício filosófico de seu mestre. Para nós, a morte de Sócrates é, pois, não apenas o fato que origina toda a dita literatura socrática, mas também a própria condição pela qual podemos entendê-la em suas representações. Com base no Fédon de Platão, vamos procurar os indícios da figura de Sócrates que reverberam nos demais socráticos, em vista de uma melhor apreensão do tipo de exercício que o mestre realizou, sobretudo enquanto uma preparação para a morte.

Resumos - Mesa Fédon II


SEGUNDA, 01 DE SETEMBRO | 14:00 ÀS 16:45 | BLOCO D SALA 308
Prof.ª Gisele Amaral (UFRN)
Meletê thanatou e suicídio em Platão
O processo, a condenação e a execução de Sócrates são temas presentes nas conversas filosóficas escritas por Platão, especialmente nos diálogos Apologia, Critão, Eutifrão e Fedão. Cada um desses diálogos, direta ou indiretamente, aborda os acontecimentos que culminaram no fim da vida de Sócrates. Sabemos, porém, que os relatos platônicos não devem ser tomados como fonte histórica stricto sensu, pois ainda que haja uma coincidência entre os fatos e o testemunho de Platão, a versão deste – tanto quanto a de outros eventos que encontramos mencionados ao longo da sua obra filosófica – figura, predominantemente, como pretexto para introduzir a conversa e como inspiração para refletir sobre temas relevantes da sua filosofia. Sob esta perspectiva, dentre os diálogos acima mencionados, o Fedão é aquele que descreve o último dia da vida de Sócrates na prisão, até o momento da execução da sentença que o levará à morte. Sócrates protagoniza a conversa e é porta-voz de algumas teses preponderantes no âmbito da filosofia platônica, dentre elas a da imortalidade da alma. Num primeiro momento, Sócrates manifesta a crença na imortalidade da alma como justificativa para a sua atitude serena, a despeito da iminência da própria morte. Ainda assim, esse estado de tranquilidade causa grande perplexidade naqueles que estão presentes na cena narrada por Fedão a Equécrates e contrasta com as reações desesperadas daqueles que estão inconformados com a sentença que os deixará irremediavelmente privados da companhia do amigo. Sócrates, porém, se mostra esperançoso de que seja possível encontrar na morte uma condição melhor do que a da vida corpórea, já que a morte é a separação da alma e sua libertação dos infortúnios intrínsecos ao corpo. Por isso, Sócrates afirma que todos os homens sábios desejam morrer. Sendo a morte seguramente um bem, o filósofo, segundo ele, deve estar disposto, e mesmo inclinado, a morrer, pois a filosofia não é senão o cuidado da morte – meletê thanatou. Nesse contexto, cuidar da morte, e mesmo desejá-la, parece sugerir que o filósofo devesse atirar-se para morte com vistas a livrar-se o quanto antes do próprio corpo e junto com ele livrar-se também de todas as perturbações que a dimensão sensível representa para a vida filosófica. Porém, Sócrates logo adverte que não se deve usar de violência para consigo mesmo, “pois, segundo se diz, não é justo” (61d), numa alusão à proibição legal do suicídio. No entanto, a advertência de Sócrates revela ao filósofo uma condição paradoxal, pois se a morte é um bem, por que não temos o direito de fazer o bem a nós mesmos? Superando o argumento legal, Sócrates pondera mais adiante que não devemos buscar por nós mesmos a morte, pois “são os deuses que cuidam de nós e que nos têm a nós, humanos, como uma das suas possessões”. (62b). O verdadeiro filósofo não recorrerá por si mesmo à morte, pois tanto quanto o ser humano não tem autonomia sobre o começo da vida, do mesmo modo não detém o direito de decidir sobre a sua própria morte. As ponderações de Sócrates permitem, por um lado, entender os aspectos legal e teológico que revestem a questão do suicídio, mas, por outro lado, não esgotam suficientemente o sentido da filosofia definida como meletê thanatou. Para trazer maior compreensão sobre o assunto, pretendo aqui apresentar uma análise da definição proposta por Platão à luz da noção grega de ‘morte’ em algumas das suas principais acepções, visando, sobretudo, explicitar o modo socrático de lidar com a própria morte como algo inteiramente distinto da prática do suicídio.

Luiz Felipe da Silva Carvalho (UFF)
O papel da memória na imortalidade da alma

 O Cuidado de Si através do exercício da morte nos conduziu à pergunta sobre a imortalidade da alma. Mais especificamente, que tipo de imortalidade e de Cuidado podemos conceber a partir de uma alma pensada como o princípio de uma ação. Dando continuidade à pesquisa iniciada no ano passado sobre o conceito de alma no diálogo Alcibíades I, esta comunicação é uma tentativa de apresentar o Antigo conceito de História e de feito histórico como uma resposta ao fato inevitável de que cada Homem morre. Ao conceber a alma como um feito (prákseis), e a história como a guardiã dos grandes feitos, a memória torna-se o lugar dessa imortalidade. Portanto, em resposta ao derradeiro fato e na busca por tornar-se melhor e digno da imortalidade é que talvez a história possa se nos apresentar como um tipo de meléte thanátou.
André Decotelli (UFF)
A kathársis da alma como método de salvação no Fédon
Nossa pesquisa se resume em analisar o processo soteriológico no diálogo Fédon de Platão. É neste diálogo que de forma esplêndida é narrada, com um tom heróico, os últimos momentos de vida de Sócrates. Postulamos que nesta obra platônica, a alma, o verdadeiro eu para o filósofo ateniense, é salva por meio de uma purificação que é realizada pela prática da verdadeira filosofia. A total separação da alma ao corpo só será plena na morte, no entanto, em vida, o filósofo já pode experimentar desta separação através de um processo ascético, separando ao máximo a sua alma do corpo e, consequentemente, a purificando, aproximando-se do conhecimento, do divino, para enfim, salvá-la de um destino de sucessivas encarnações. Tal processo purificatório é intitulado de kátharsis, noção que Platão transpõe do imaginário religioso, mais precisamente órfico, para a sua própria filosofia. Analisaremos de que forma a kátharsis surge no Fédon e seu papel central na economia do diálogo.

Thiago Sebastião Reis Contarato (UFRJ) 
Duas posturas diante da morte


Nessa apresentação, o post mortem será relacionado com a coação e com a ação cotidiana, segundo duas posturas cristãs. Para tanto, nos basearemos principalmente em Tomás de Aquino.
Considerando a morte como um divisor de águas entre a vida terrena e a vida eterna, há duas posturas sobre o post mortem. Primeiramente, muitos compreendem as noções de Céu ou Paraíso (que é uma recompensa eterna) e Inferno (uma punição eterna) como integrantes de um sistema de coação para as atitudes cotidianas dos seres humanos. Esta é a visão que chamaremos de “postura popular”, uma vez que a prática cotidiana é movida por recompensa e punição, sem conhecimento esclarecido das suas ações e muito menos amor por estas.Por outro lado, na visão que chamaremos de “postura filosófica”, Tomás de Aquino e a maioria dos filósofos cristãos compreendem que todos os homens amam por natureza a sabedoria e a verdade, as quais, consideradas em si mesmas, se identificam com o próprio Deus. Sendo assim, no nosso cotidiano, todos os homens deveriam agir segundo aquilo que eles amam por natureza e segundo aquilo que satisfaz maximamente esse amor. Para fazer aquilo de que gostamos ou amamos, não é necessário receber recompensa e não se faz por medo de punição, de modo que não seríamos coagidos.




Resumos - Mesa Cuidado de si e exercícios espirituais

Prof. Marcus Reis Pinheiro (UFF)
A atenção a si mesmo e o seu lugar no cosmos: a lembrança da morte

A palestra será uma apresentação geral do exercício da atenção a si mesmo (prosoché) no helenismo, especialmente nos estoicos do período romano e algumas de suas repercussões nos primeiros padres da Igreja. Ao analisarmos alguns trechos em que a “atenção a si” é desenvolvida, apresentaremos algumas de suas relações com o exercício do “olhar do alto”, aquele em que o filósofo lembra-se de sua posição no cosmos. Tal lembrança acarreta uma reavaliação de seus interesses e preocupações especialmente por sublinhar nossa mortalidade essencial e eminente, mortalidade esta que reestabelece uma hierarquia de valores dentre as realidades humanas.
Prof. Bernardo Brandão (UFJF)
O memento mori no monasticismo cristão

Nas palavras de João Clímaco, na sua Escada do Paraíso, "o que é mais de se maravilhar, até os gentios pensavam e determinavam que a suma de toda filosofia é a memória e a meditação da morte". Assim como para a filosofia, entendida como modo de vida, para o monasticismo cristão, a meditação da morte é um exercício espiritual fundamental, a partir da qual o monge pode se colocar em uma perspectiva adequada diante de sua vida e, assim, empreender o caminho da terapia da alma. Nessa apresentação, analiso a prática em dois autores da Antiguidade Tardia, o próprio João Clímaco, e Doroteu de Gaza, e em um autor contemporâneo, o Arquimandrita Zacharias, buscando definir em que medida ela se coloca em continuidade com a tradição filosófica e em que medida apresenta elementos próprios.

Prof. Rodrigo Ventura (UFRJ)
Áskesis, Eros e Tânatos na experiência psicanalítica



A partir da articulação entre a obra de Michel Foucault, a filosofia antiga, em torno das figuras de Sócrates e Diógenes, o cínico, e o discurso freudiano, o objetivo desta apresentação é problematizar o espaço de liberdade à constituição de outros e novos modos de vida na experiência psicanalítica. Em sua genealogia do poder, Foucault afirma que os efeitos de sujeição das relações de poder-saber, que normalizam as subjetividades, também estão presentes na experiência psicanalítica. Para encontrar as saídas frente às críticas colocadas por Foucault, esta apresentação vai refletir acerca da tensão presente no setting analítico entre a sujeição e a liberdade das subjetividades. Para tal, nossa aposta é buscar na própria filosofia de Foucault, quando esse autor se volta para a Antiguidade greco-romana para estudar a noção de cuidado de si, os elementos que nos permitam encontrar na obra freudiana, tão rica em possibilidades de leitura, uma psicanálise comprometida com a produção de modos de vida singulares, menos normalizados e submissos. Considerando que o cuidado de si é composto por um conjunto de práticas ascéticas e eróticas, que visam à transformação da própria maneira de se viver, e trazendo para o primeiro plano do discurso freudiano as noções de exercício (áskesis) e Eros, este como princípio de afirmação da vida frente ao silenciamento da pulsão de morte (Tânatos), acreditamos ser possível pensar a prática psicanalítica como uma ascese erótica, que aponta para o trabalho de si sobre si e para o exercício de novos modos de existência.
 

Resumos - Mesa Montaigne e Epicuro

Prof. Celso Azar (UFF) 
Morte e prazer: a recepção da filosofia helenística nos Ensaios de Montaigne

Trata-se de considerar a posição singular de Montaigne com relação às diversas faces da tradição helenística dos exercícios para a morte, examinando a apropriação e recombinação de alguns de seus vários e heterogêneos elementos nos Ensaios. Experimenta-se assim abrir um novo caminho para a sua leitura, contestando a corrente majoritária de interpretação da filosofia ensaística, ao relativizar sua face cética em relação à influência de outras correntes de pensamento recebidas pela obra montaigniana.
Alan Buchard (UFF)
Montaigne e o exercício da vida

Nas primeiras edições dos Ensaios observa-se a constante preocupação de Montaigne em exercitar a filosofia como "aprender a morrer". Seguindo a fórmula de Cícero e tendo por fundamento de sua filosofia os ensinamentos de Epicuro, o filósofo francês dirá que filosofia não é outra coisa senão se defender do evento que encerra a existência. Entretanto, nas edições mais tardias (os Ensaios de 1580 e o Exemplar de Bourdeaux) constate-se uma virada epistemológica sobre o papel da filosofia diante da morte. Para a última fase de Montaigne, a filosofia, e, portanto, o homem que a exercita, deve se preocupar com a vida e com a melhor forma de usufri-la. A morte é inevitável, porém, a Natureza que se encarrega dela, não o homem, pois este nada pode fazer contra ela, nem mesmo se defender filosoficamente. Neste sentido, a proposta dessa comunicação é elucidar o pensamento de Montaigne, em determinados ensaios que nos permita ver o modo como se opera essa mudança de perspectiva sobre o papel da filosofia frente à morte.

Mauro dos Reis (UFF)
A natureza da morte e o prazer

Epicuro, ao fundar o Jardim, tinha a pretensão de que sua filosofia fosse tomada como um manual para todo aquele que busca o melhor dos prazeres, a eudaimonía (felicidade). Dentre os ensinamentos desenvolvidos para auxiliar nesta busca, encontramos o estudo sobre a verdadeira natureza da morte. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar e descrever a concepção epicurista sobre a natureza da morte e suas implicações na busca pelo prazer. 

Resumos - Mesa Estoicismo

Prof. Eduardo Boechat (UFRJ)
Os Estoicos e a vida após a morte

A apresentação seria baseada no capítulo Eschatology da minha tese de doutorado ‘Manilius and Posidonius’ Worldview’. A questão do destino das almas após a morte sempre foi uma parte integrante da física e ética da escola estoica. Fragmentos dos estoicos mostram que esses concebiam a morte como a separação dos elementos que compunham o ser. Percebe-se também que autores estoicos do 1º século AC elaboraram um sistema complexo a respeito do trajeto das almas. Afinal, críticas do epicurista Lucrécio mostram que o assunto foi amplamente debatido nos círculos filosóficos helenísticos.

Fernanda Oliveira (UFF)
O exercício do desejo e a preparação para a morte em Epicteto

A apresentação será baseada no trecho do Manual (Va), em que Epicteto afirma que a opinião sobre a morte, e não a própria morte, é que é terrível. A partir desse ponto, procurarei mostrar como os exercícios de ascese, em especial o do desejo, são os meios pelos quais a pessoa pode se libertar do medo da morte, modificando sua opinião a respeito dela por entender que ela não é um mal, mas sim, indiferente.

Henrique Almeida (UFF)
A física como exercício para a morte em Epicteto e Marco Aurélio.


Em Epicteto e Marco Aurélio, os dois últimos grandes representantes da tradição estoica, encontramos exemplos claros de como a filosofia era vista na antiguidade como um trabalho sobre si com a meta de transformar a vida daquele que filosofa em direção à vida feliz, a eudamonia. Epicteto comparava o filósofo com um atleta, e via a filosofia como um exercício não apenas feito durante as aulas, mas principalmente no encontro com as várias situações e objetos da vida no dia a dia. A lógica, a ética e a física, são consideradas não apenas partes da divisão tradicional da doutrina estoica, mas também partes de um exercício vital para a assimilação do princípio fundamental do estoicismo. Considerada tradicionalmente como parte central da filosofia estoica, a física ou estudo da natureza se destaca em Epicteto e em Marco Aurélio na medida em que funciona como base para vários tipos de exercício, entre eles o da morte. Ao compreender a physis, a Natureza que não é separada de Deus, o filósofo é capaz de aceitar a morte, abrindo mão do desejo pelo que não está sob seu comando.

Resumos - Mesa Literatura e Cuidado de si

Prof. Jimmy Sudário Cabral (UFJF)
Romantismo e representação da morte em Liev Tolstói
Para George Lukács, Tolstoi deve ser considerado «último herdeiro do romantismo europeu», e sua literatura representa uma consciência romântica que visou superar o caráter artificial da arquitetura da civilização moderna através da reconciliação do homem com suas formas naturais de vida. A comunicação abordará as representações da morte em dois escritos de Tolstoi: O pequeno conto Três Mortes e seu romance A morte de Ivan Ilitch, obras que revelam aspectos fundamentais do romantismo tolstoiano, traduzindo seu exercício intelectual e sua postura existencial diante da morte.
Nelson Marques (UERJ)
Exílio e morte em As Troianas de Eurípedes

Na cidade de Troia, derrotada pelos gregos depois de dez longos anos de guerras, troianos foram dizimados e troianas serão distribuídas como troféus pelos vitoriosos homens gregos. Ainda em solo pátrio, essas mulheres já se encontram exiladas, pois não têm mais direitos sobre suas próprias vidas. Seus gritos e lamentos desesperados demonstram o quanto elas já estão separadas das suas raízes e de uma pátria que - consumida pelas chamas - não pode mais trazer a segurança dos laços familiares, culturais e afetivos de outrora. Morte e vida parecem não mais ter fronteiras e Hécuba, Cassandra, Andrômaca, Polixena e tantas mais - antes humanas – tornam-se despojos de guerra, seres inexistentes que reverberam, em tantas vozes que ao longo de nossa história – dramática ou não – ainda tentam de algum modo gritar por justiça.

Nelson Menezes Neto (UFRJ) 
A morte de Sócrates e a "mais verdadeira tragédia"

Em sua arte de compor o drama filosófico, qual a relação de Platão com a tragédia? Como sugere Diógenes Laércio, teria Platão abandonado a arte de escrever tragédias para fazer filosofia? O que Platão compõe tem algum caráter trágico? Este trabalho tem por objetivo desenvolver essas questões, relacionando-as ao tema da morte de Sócrates, de significante relevo nos escritos platônicos. Tendo como ponto de partida a noção de “tragédia mais verdadeira” (τραγῳδίαν τὴν ἀληθεστάτην), apresentada no Livro VII das Leis, buscaremos mostrar de que modo essa noção se aplica à morte de Sócrates enquanto composição dramática, o que permitirá uma compreensão de Platão como um filósofo-poeta trágico.

 
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